Capítulo 1 - Apresentações
Terça-feira, dia 16 de Setembro, primeiro dia de aulas.
Toca o despertador pelas 6:30 horas, aliás como é habitual. Diogo Noronha todos os dias repete este ritual. Coloca o despertador para romper a manhã com as músicas da Antena 3, às 6:30 horas, para depois carregar no botão de dez em dez minutos, para se levantar somente às 7:00 horas. Pensa que assim descansa mais uns minutos.
Ainda meio a dormir lá vai a caminho da sua higiene diária. Banho, dentes e está pronto para dar as papas matinais à sua filha. Uma linda menina chamada Sofia, com apenas dois anos e meio.
Naturalmente que entre estes dois processos Diogo Pinto tem de aquecer o leite, confeccionar a papa, vestir a pequena Sofia, para depois solicitar à TV (canal dois) a ajuda necessária para colocar aquelas intermináveis colheres de papa na boca da sua filha. Pensa, realmente estes tipos do 2 têm programas fixes para os putos.
Diogo Noronha não vive só com a filha. É casado com uma hospedeira, que na maior parte das vezes está a dormir, neste rebuliço matinal que é acordar e ir para a escola. Os seus horários assim a fazem.
No seu egoísmo, Diogo por vezes acha que aquela preguiça demonstrada todas as manhãs por Filipa Freitas é forçada. Mas depois admite que trabalhar de noite e em horários com enormes fusos, deve seguramente fazer as pessoas aproveitarem as suas camas quando podem.
Diogo gosta de fazer tudo nas calmas, daí acordar tão cedo, afinal ele e a filha só entram às nove horas.
Pensa ser indispensável aquele café que toma com tanto prazer no café a caminho da escola.
Claro que primeiro coloca a filha na escola dela, a fim de a privar do cheiro nauseabundo dos cigarros que fuma. Não são muitos, mas os suficientes para colocar as suas belas roupitas com aquele odor intragável.
Não que fume muitos. Dois para ser preciso. Um com o café e outro no carro a caminho da escola.
Trabalha a poucos quilómetros de casa.
Todos os dias é invadido por este pensamento: engraçado, tanto eu como a minha filha, vamos para a escola. Tem a certeza que essa coincidência tornou toda a adaptação da Sofia à escola, muito mais fácil, afinal iam os dois para a escola. Quanto à mãe, quando a pequena perguntava por ela, Diogo apontava para o céu e dizia: vês as nuvens, a mãe anda de uma para a outra, a cuidar que tudo fique no seu devido lugar.
Notava nos olhos da Sofia o enorme orgulho que sentia pela mãe, cuidar de tudo tão bem, lá em cima. Pensava para os seus botões: talvez um dia brilhes assim por mim.
Diogo é um simples professor, pelo menos é assim que se vê, quando se coloca no espelho a observar os anos a passarem, os cabelos brancos (que já são tantos), a barriga a crescer significativamente, os grandes pneus no final das costas, aqueles pequenos sinais vermelhos, que normalmente só aparecem com o avançar da idade, etc. Uma enorme panóplia de sinais que indicam a idade que tem, os seus belos 40 anos.
Um simples professor, numa simples escola de 1.º ciclo, herdada do tempo da ditadura, apetrechada com materiais em elevado estado de decomposição.
Terça-feira, dia 16 de Setembro, primeiro dia de aulas.
Toca o despertador pelas 6:30 horas, aliás como é habitual. Diogo Noronha todos os dias repete este ritual. Coloca o despertador para romper a manhã com as músicas da Antena 3, às 6:30 horas, para depois carregar no botão de dez em dez minutos, para se levantar somente às 7:00 horas. Pensa que assim descansa mais uns minutos.
Ainda meio a dormir lá vai a caminho da sua higiene diária. Banho, dentes e está pronto para dar as papas matinais à sua filha. Uma linda menina chamada Sofia, com apenas dois anos e meio.
Naturalmente que entre estes dois processos Diogo Pinto tem de aquecer o leite, confeccionar a papa, vestir a pequena Sofia, para depois solicitar à TV (canal dois) a ajuda necessária para colocar aquelas intermináveis colheres de papa na boca da sua filha. Pensa, realmente estes tipos do 2 têm programas fixes para os putos.
Diogo Noronha não vive só com a filha. É casado com uma hospedeira, que na maior parte das vezes está a dormir, neste rebuliço matinal que é acordar e ir para a escola. Os seus horários assim a fazem.
No seu egoísmo, Diogo por vezes acha que aquela preguiça demonstrada todas as manhãs por Filipa Freitas é forçada. Mas depois admite que trabalhar de noite e em horários com enormes fusos, deve seguramente fazer as pessoas aproveitarem as suas camas quando podem.
Diogo gosta de fazer tudo nas calmas, daí acordar tão cedo, afinal ele e a filha só entram às nove horas.
Pensa ser indispensável aquele café que toma com tanto prazer no café a caminho da escola.
Claro que primeiro coloca a filha na escola dela, a fim de a privar do cheiro nauseabundo dos cigarros que fuma. Não são muitos, mas os suficientes para colocar as suas belas roupitas com aquele odor intragável.
Não que fume muitos. Dois para ser preciso. Um com o café e outro no carro a caminho da escola.
Trabalha a poucos quilómetros de casa.
Todos os dias é invadido por este pensamento: engraçado, tanto eu como a minha filha, vamos para a escola. Tem a certeza que essa coincidência tornou toda a adaptação da Sofia à escola, muito mais fácil, afinal iam os dois para a escola. Quanto à mãe, quando a pequena perguntava por ela, Diogo apontava para o céu e dizia: vês as nuvens, a mãe anda de uma para a outra, a cuidar que tudo fique no seu devido lugar.
Notava nos olhos da Sofia o enorme orgulho que sentia pela mãe, cuidar de tudo tão bem, lá em cima. Pensava para os seus botões: talvez um dia brilhes assim por mim.
Diogo é um simples professor, pelo menos é assim que se vê, quando se coloca no espelho a observar os anos a passarem, os cabelos brancos (que já são tantos), a barriga a crescer significativamente, os grandes pneus no final das costas, aqueles pequenos sinais vermelhos, que normalmente só aparecem com o avançar da idade, etc. Uma enorme panóplia de sinais que indicam a idade que tem, os seus belos 40 anos.
Um simples professor, numa simples escola de 1.º ciclo, herdada do tempo da ditadura, apetrechada com materiais em elevado estado de decomposição.
1 comentário:
Uma linda história. Embora, no final, e conhecendo o estado da educação hoje, se fique com pena de que a única coisa que a escola herdou do tempo da ditadura tenha sido as instalações. Nada que a democracia não resolva, fechando mais esta escola, um dia destes.
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